sábado, 10 de julho de 2010

A SÚPLICA SURPREENDENTE

"Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino" (Lc 23.42). Esta não foi uma oração longa e complicada, mas continua sendo uma das orações mais extraordinárias registradas na Bíblia. Por quê? Considere várias razões.

I.A confissão contida na oração

Ao fazer essa oração simples, o ladrão agonizante admitiu que temia a Deus. Não era um agnóstico, duvidando da existência de Deus, ou um ateu, negando essa existência. Ele não concebia Deus como um Criador distante, cujos ouvidos estavam surdos aos gritos dos pobres pecadores. Este homem temia a Deus e queria estar pronto para encontrá-lo quando morresse.
As autoridades judaicas hipócritas que se encontravam junto à multidão ao redor da cruz teriam afirmado que temiam a Deus, mas não havia evidência de medo, seja nas suas palavras ou nos seus atos. Elas estavam crucificando o seu próprio Messias e rindo dEle enquanto sofria e morria! "O temor do Senhor é o princípio da sabe­doria" (SI 111.10), mas aqueles homens piedosos estavam agindo na ignorância (At 3.17) e não compreendiam o que faziam. "Pelo temor do Senhor os homens evitam o mal" (Pv 16.6), mas aqueles homens orgulhosos estavam cometendo o maior crime da história da huma­nidade ao matarem o seu Messias.
Ele confessou ser culpado. O ladrão admitiu que ele e seu companheiro haviam infringido a lei e tinham sido justamente condenados. É raro encontrar criminosos que admitam ter errado e me­reçam ser punidos. Penso que foi Frederico, o Grande, que certa vez visitou uma prisão onde ouviu prisioneiro após prisioneiro protes­tar sua inocência e pedir ao imperador que o libertasse. Um ho­mem, no entanto, confessou humildemente ser culpado e merecer a prisão.
"Soltem este homem!" — ordenou o imperador. — "É insensato que continue aqui contaminando todos esses presos inocentes!"
Os pecadores não podem ser salvos até admitirem ser culpados e merecerem a condenação e castigo do Senhor: "Para que se cale toda a boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus" (Rm 3.19). Antes que você possa abrir a boca e invocar a salvação do Senhor, sua boca deve ser fechada pela convicção.
O ladrão arrependido confessou que Jesus Cristo era inocente. Mas, se era inocente, por que estava morrendo numa cruz junto aos criminosos culpados? Por que as autoridades da cidade o acusavam e insultavam? O ladrão sabia que Jesus era inocente por causa da convicção em seu próprio coração. As palavras do Senhor, sua ora­ção e sua atitude em relação aos inimigos, tudo falava de pureza e amor. Este Jesus de Nazaré era diferente dos outros homens e o ladrão sentiu a diferença.
Ele confessou que há vida após a morte e que devia prestar con­tas a Deus. "Nem ao menos temes a Deus?" perguntou ele ao amigo, e depois acrescentou: "Nós... recebemos o castigo que nossos atos merecem" (Lc 23.40,41). Vivemos hoje num mundo em que "ninguém é culpado", quer você sofra um acidente de automóvel, decida divor-ciar-se, ou tente ganhar um caso no tribunal. Como Adão e Eva, procuramos alguém a quem culpar, mas não queremos que Deus nos culpe.
O malfeitor sabia que estava morrendo e que depois da morte ele se encontraria com Deus. Sabia que suas desculpas não iriam con­vencer a Deus de que ele era inocente. Pelo contrário, confessou que era culpado e que não podia enfrentar a eternidade sem um Salva­dor. Essa a razão de ter-se voltado para Jesus.
Você crê que existe mesmo uma vida após a morte? Está prepara­do para ela? Crê que merece o juízo, que é um pecador culpado? Crê que existe um Deus justo e santo e que você terá de prestar contas a Ele um dia? A morte é um compromisso divino e depois dela há outro compromisso divino: o juízo (Hb 9.27). Você está pronto? O ladrão agonizante estava pronto porque depositou sua fé em Jesus Cristo.

II.A coragem necessária para fazer a oração

No que se refere ao registro bíblico, ninguém mais no Calvário estava pedindo salvação a Jesus. Os sacerdotes e as autoridades religiosas zombavam de Cristo; esse ladrão, porém, ousou crer em Jesus e fez isso publicamente. A multidão se opunha a ele, os solda­dos zombavam dele e o próprio amigo do ladrão ria do Senhor Jesus. Apesar de toda essa pressão, o ladrão confiou em Jesus. Algumas pessoas não querem confiar em Jesus por temerem o que outros possam fazer ou dizer; todavia, eis aqui um homem que teve a cora­gem de desafiar as autoridades, os sacerdotes, os soldados e seu amigo, voltando-se para o Senhor e confiando nEle.
Apocalipse 21.8 lista oito classes diferentes de pessoas que não vão para o céu, e no primeiro lugar estão os "medrosos" ou "covar­des". Estes são os que não têm coragem de admitir a sua necessida­de e pedir salvação a Cristo. Eles têm coragem de pecar abertamente com os amigos, mas lhes falta coragem para arrepender-se apesar dos amigos. Temem o que as pessoas possam dizer se deixarem o grupo e tomarem posição a favor de Cristo. Este ladrão não se acha­va entre os covardes. Ele, corajosamente, se identificou com Cristo quando quase todos os demais estavam contra Ele.

III.A confiança exigida por esta oração

Pense em quão pouco o ladrão sabia a respeito de Jesus e do caminho da salvação. Ele pôde ler a acusação colocada sobre a cabe­ça do Senhor e certamente ouviu as vozes do povo em volta da cruz.
Como já vimos, o nome "Jesus" significa "Salvador", portanto o la­drão sabia que Jesus poderia salvá-lo. Ele ouviu também os escarnecedores gritando: "Ele salvou outros!", e pode ter raciocina­do: "Se este Jesus salvou outros, pode também salvar-me".
A inscrição na cruz dizia que Jesus era um rei e tinha então um reino. Se possuía um reino, tinha autoridade e podia exercê-la a fa­vor de outros. Jesus viera de Nazaré, uma cidade desprezada pelo povo da Judeia. "Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair algu­ma cousa boa?" (Jo 1.46).
Mas, o próprio título "Jesus de Nazaré" o identificou com o povo comum, e essa era a espécie de Salvador que o ladrão precisava.
Muitos dizem: "Eu gostaria de ser salvo, mas quero compreender melhor o assunto". Compreender o Evangelho faz parte da salvação, mas você não precisa ser um teólogo para tornar-se cristão. O ladrão não compreendia muita coisa sobre os assuntos de Deus, mas aquilo que entendia o levou à fé no Salvador. Ele é uma testemunha contra os pecadores de hoje que conhecem a verdade do Evangelho, ouvi­ram lições na Escola Dominical e sermões sobre Jesus, cantaram até hinos sobre Jesus, mas o rejeitaram. Seu juízo será bem maior do que os das pessoas.que nunca ouviram falar do Salvador.
Além disso, o ladrão viu o Senhor Jesus quando Ele foi rejeitado, abusado, estava fraco e morrendo. Você confiaria em alguém nessa condição, pendurado e indefeso numa cruz? Seria como esperar aju­da de um salva-vidas que estivesse se afogando! Eu poderia compre­ender as pessoas confiando no Senhor Jesus se o vissem operar um milagre, mas Jesus não fez qualquer milagre enquanto pendurado na cruz. Jesus foi esquecido, zombaram e riram dEle; no entanto, o ladrão teve fé suficiente para confiar no Senhor.
Deus convida você hoje para confiar num Salvador que ressusci­tou e foi glorificado, que está assentado no trono do universo. Não há problema em confiar nessa espécie de Salvador! O ladrão não tinha muito conhecimento. Não havia beleza em Jesus quando ele o con­templou; esse homem, porém, creu em Jesus e foi salvo. A sua fé se encontra entre as maiores registradas na Bíblia.
Aleluia !!!